Resenha: O Pequeno Príncipe – Antoine de Saint-Exupéry





“Livro de criança? Com certeza. Livro de adulto também, pois todo homem traz dentro de si o menino que foi.”  Amélia Lacombe.




“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso.” Antoine de Saint-Exupéry.







O livro é narrado em primeira pessoa e traz a história de um piloto de aviões, possivelmente o próprio Exupéry, que decidiu ser piloto após ser aconselhado, aos seis anos de idade, a deixar de lado a carreira de pintor. Ele desenhou uma jiboia digerindo um elefante e todos os adultos acharam que era um chapéu. Então desenhou o interior da jiboia, a fim de que os adultos pudessem entender melhor, mas foi aconselhado a deixar de lado os desenhos de jiboias abertas ou fechadas e se dedicar à história, geografia, matemática, gramática.



“Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma promissora carreira de pintor.”

Bem, aqui cabe uma reflexão. Quando somos crianças, a palavra que mais ouvimos é ‘não’. Quando queremos fazer algo novo vem um ‘deixa de invenção, menino(a)’. Isso acaba tolhendo nossa criatividade e nossa capacidade de inovação. Poucas vezes somos incentivados a nos dedicarmos a algo que realmente gostamos, mas somos sempre aconselhados a estudar as matérias da escola. É claro que estudar é importante, mas acho que as pessoas grandes deveriam incentivar mais a criatividade das crianças.

Voltando ao livro...
      
Certo dia, o piloto sofre uma pane no motor e é obrigado a fazer um pouso de emergência no deserto do Saara. O piloto estava a quilômetros de distância de qualquer terra habitada. Na primeira noite ele adormeceu sobre a areia e ao despertar do dia, uma voz estranha o acordou pedindo para que ele desenhasse um carneiro. Foi aí que ele conheceu o Principezinho.

“Eis o melhor desenho que, passado algum tempo, consegui fazer dele”




O Principezinho insistia para que o piloto desenhasse um carneiro. O piloto tentou desenhar o carneiro para o Príncipe, mas, como fora desencorajado da carreira de pintor, não sabia desenhar carneiros, apenas jiboias abertas e fechadas. Depois de algumas tentativas, rabiscou o seguinte desenho:

“ - Esta é a caixa. O carneiro que queres está aí dentro. ”

E assim, conseguiu agradar ao Principezinho.

O Príncipe gostava muito de fazer perguntas, mas não gostava de responder aos questionamentos do piloto. Aos poucos o piloto começou a descobrir as origens do Principezinho. Ele descobriu que o Príncipe vivia em um planeta pouco maior que uma casa – o asteroide B 612.

O Príncipe contou sobre os dramas que vivia em seu pequeno Planeta por causa dos baobás, árvore que cresce muito, e dos três vulcões, dois em atividade e um extinto, que lá existiam. Ele queria o carneiro para comer os brotos de baobá, evitando assim que eles crescessem.

Com o Principezinho o piloto aprendeu a admirar a simplicidade do pôr do sol. Também aprendi a admirar o pôr do sol após a leitura desse livro fascinante. Não é à toa que o nome do blog é Cores do Pôr do Sol. Gosto das tonalidades das cores que pintam o céu durante o pôr do sol e passei a admirá-lo, ainda mais, nos momentos de tristeza.



“- Quando a gente está muito triste, gosta de admirar o pôr do sol.”

No quinto dia, o Príncipe contou a história da flor que havia em seu planeta, a qual ele julgava ser única no mundo. A flor era muito vaidosa e complicada. Se achava valente como um tigre, por causa de seus espinhos, e dava ordens ao Príncipe para lhe proteger das correntes de ar e do frio. Era bem exigente e fazia o príncipe sentir remorso, mas acho que ele não fazia por mal. Amava o Príncipe, mas era muito vaidosa para admitir. Talvez se sentisse solitária e precisasse de alguém para conversar e admirar sua beleza. Confesso que na primeira vez que li o livro, não fui muito com a 'cara' da flor. Foi necessária uma segunda leitura pra perceber o que ela realmente significava para o Príncipe. Passei a me identificar com a flor.



“É bem complicada essa flor...”

Logo após a discussão com sua flor, o Príncipe resolveu sair em viagem e abandonou o seu planeta. Ele visitou seis planetas antes de chegar à terra: o primeiro era habitado apenas por um rei; o segundo, por um vaidoso; o terceiro, por um bêbado; o quarto, por um homem de negócios; o quinto, um acendedor de lampião; no sexto, um velho geógrafo que escrevia livros enormes. Quando chegou ao nosso planeta, encontrou uma serpente, que lhe prometeu mandá-lo de volta ao seu planeta, através de uma picada.

"Tu é um bichinho engraçado"

O Príncipe atravessou o deserto querendo encontrar os homens do nosso planeta. Ele encontrou um jardim com cinco mil flores iguais a flor que deixou em seu planeta. Também encontrou com a raposa que lhe ensinou o significado da palavra cativar.



“... Que quer dizer “cativar”
- É algo quase sempre esquecido (...) – Significa “criar laços”...”

E foi conversando com a raposa que o Príncipe entendeu que a sua rosa era realmente única no mundo, mesmo existindo tantas outras iguais, pois ela o cativou.

“Foi tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.”

A raposa revelou um segredo ao Príncipe:

“...só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. ”

E é aí que temos a ‘moral da história’. O mais importante não são as coisas materiais, nem os números, mas sim as coisas invisíveis, os sentimentos, as coisas simples que a natureza nos oferece, como as estrelas e o pôr do sol. Deveríamos ser definidos pelo que somos e não pelo que temos. Mas esses valores parecem que foram perdidos.

Continuando a história...
            
No oitavo dia da pane, o piloto havia bebido o último gole de água e, por este motivo, caminhou junto com o Príncipe até que encontraram um poço. Este poço era perto do local que a serpente havia combinado com o Príncipe de aparecer para picá-lo, para que ele voltasse ao seu planeta. A partida dele seria no dia seguinte. O piloto ficou triste, ao saber disto, pois o Príncipe lhe cativou.

O Príncipe lhe disse para que não sofresse, quando constatasse que o corpo dele estivesse inerte, afirmando que devemos saber olhar além das simples aparências. Não havia outra forma de ele viajar, pois o seu corpo, no estado em que se encontrava, era muito pesado. Precisava da picada para que se tornasse mais leve.





Chegado o momento do encontro com a serpente, o Pequeno Príncipe não gritou. Aceitou corajosamente o seu destino. Tombou como uma árvore. E assim, voltou para o seu planeta, enfim.

O piloto conseguiu se salvar, sentindo-se consolado porque sabia que o Pequeno Príncipe havia voltado para o planeta dele, pois ao raiar do dia seguinte à picada, o corpo do Pequeno não estava mais no local. Hoje, ao olhar as estrelas, o piloto sorri, lembrando-se do seu amigo que lhe ensinou tantas coisas valiosas e tão simples.

- Nunca permita que a criança que existem em você, um dia deixe de existir.

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