Sobre a impermanência da vida


    Há um conceito no budismo que fala sobre a impermanência das coisas: 'nada é fixo e nem permanente'. Que bom que as coisas não são as mesmas para sempre. Que bom que podemos rever conceitos, aprender coisas novas, mudar de opinião. Os planos mudam, as prioridades também. O que antes era verdade absoluta, hoje já não faz mais sentido.

    Heráclito já havia mencionado isso quando afirmou que ninguém pode se banhar duas vezes no mesmo rio, tendo em vista que as águas do rio não serão as mesmas e a pessoa também não. Lewis Carrol, em sua obra mais notória, Alice no País das Maravilhas, também ressalta esse conceito no diálogo entre Alice e a Lagarta, quando essa pergunta para a menina quem era ela e ela responde que não sabe, pois havia passado por muitas mudanças naquele mesmo dia.

    E quem somos nós? Tal qual Alice, não temos uma resposta fixa para essa pergunta, porque a vida muda e nós mudamos também. Somos a soma de todas as situações que já vivenciamos, e, como cada dia vivenciamos e aprendemos coisas novas, podemos dizer que somos seres mutantes. Somos a metamorfose ambulante cantada por Raul Seixas. 

    Mudar de opinião, gosto musical, gosto literário, gostos no geral, faz parte do nosso ser, do nosso amadurecer. A resistência a mudanças é algo que nos traz sofrimento e dor. Esteja aberto às mudanças.

Tudo é temporário. Tudo é passageiro. 
O que não muda é a certeza de que tudo muda


Resenha: Ninguém vira adulto de verdade - Sarah Andersen



Publicado em 2016, Ninguém vira adulto de verdade é o primeiro livro da cartunista e ilustradora Sarah Andersen e traz uma série de tirinhas autobiográficas que retratam de forma cômica como é ser uma jovem adulta na sociedade contemporânea. A protagonista do livro é uma jovem mulher adulta, assim como a própria autora, que precisa enfrentar os dilemas típicos dessa fase da vida.




“...este livro é sobre as estranhezas e peculiaridades de ser um jovem adulto na vida moderna.”



A obra aborda temas como autoestima, timidez, ansiedade social, incertezas sobre o futuro, vida profissional, empoderamento feminino, TPM, cólicas e relacionamentos amorosos reais, tudo de uma forma bem humorada e sincera, muitas vezes com uma pitada de sarcasmos. É impossível para os millennials não se identificar e não rir das situações vivenciadas pela protagonista.





Sarah começou a postar as tirinhas em 2013 na sua página do Tumblr: Sarah's Scribbles (que pode ser traduzido como Rabiscos da Sarah), mais tarde passou a postar as tirinhas em sua página no facebook (Sarah's Scribbles) que já conta com mais de 2 milhões de seguidores. Nesse primeiro livro ela reúne as suas tirinhas mais famosas. Um segundo livro intitulado Big Mushy Happy Lump foi lançado em março de 2017, mas ainda não foi traduzido para português.


Ninguém vira adulto de verdade é um livro de fácil leitura e bastante engraçado.  Me identifiquei com muitas das situações vividas pela protagonistas. Recomendo!

Extraordinário: Adaptação ganha primeiro trailer




Foi divulgado hoje o primeiro trailer do filme Extraordinário. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por RJ Palacio e traz a história de August Pullman, o Auggie, um garoto de 10 anos que nasceu com uma desordem craniofacial congênita cuja sequela é uma severa deformidade facial. 

Auggie teve que passar por uma série de cirurgias complicadas e por esta razão nunca havia frequentado uma escola antes. Ele passa então a frequentar uma escola regular e precisa lidar com a crueldade de alguns colegas enquanto tenta convencer a todos que é um garoto comum.



Auggie é interpretado por Jacob Tremblay, o garoto fofo de apenas 10 anos que protagonizou o filme “O Quarto de Jack”, foi indicado ao Oscar em 2016 e roubou a cena no evento. Julia Roberts (Comer, Rezar, Amar) e Owen Wilson (Marley e eu) interpretam os pais de Auggie. A brasileira Sonia Braga também está no elenco e interpreta a avó materna de Auggie.


O filme está sendo dirigido por Stephen Chbosky, diretor de As Vantagens de Ser Invisível e estreará no dia 23 de novembro.



       


Confesso que quando li o livro eu imaginei um Auggie com um rosto muito mais deformado, mas isso não tirou o mérito do trailer que está muito emocionante. Já estou ansiosa para assistir. 


Um filme que promete ser EXTRAORDINÁRIO!


13 Reasons Why - Gatilho ou reflexão positiva?

*Aviso: Contém spoilers*



A primeira temporada de 13 Reasons Why estreou na Netflix no dia 31 de março de 2017 e desde então tem gerado muitas discussões por abordar temas controversos, tais como: suicídio, estupro, machismo e bullying. A série é baseada no livro homônimo escrito por Jay Asher, publicado em 2007, e é produzida pela cantora/atriz Selena Gomez.  

Na série um adolescente de 17 anos, chamado Clay Jensen, recebe um pacote sem remetente contendo um total de sete fitas cassete. Ao ouvir a primeira fita, Clay descobre que elas foram gravadas por Hannah Baker, a garota de sua escola que havia cometido suicídio há poucas semanas e por quem ele tinha um ‘crush’. 

As fitas trazem os motivos que levaram Hannah a acabar com a própria vida. Ela intitula os motivos de ‘Os 13 porquês’ e explica que quem recebeu as fitas seria um deles. Além das fitas, os ‘porquês’ também recebiam um mapa com diversos pontos marcados, os quais deveriam visitar ouvindo as fitas. Depois de escutar seu motivo, as fitas deveriam ser passadas para a próxima pessoa citada. 

 "Olá, meninos e meninas. Quem fala aqui é Hannah Baker. Ao vivo e em estéreo. Sem promessa de retorno. Sem bis. E, desta vez, sem atender aos pedidos da plateia."

Clay fica desesperado ao sabe que pode ser um dos responsáveis pela morte de Hannah. Ao começar a ouvir as fitas ele descobre que o primeiro motivo foi Justin Foley, o primeiro garoto que a Hannah beijou. Justin tira uma foto de Hannah no momento do encontro, sem que ela perceba, e espalha para toda escola. A partir daí surgem boatos sobre o que teria acontecido no encontro e Hannah começa a ouvir uma serie de comentários negativos a seu respeito. São comentários de cunho machistas, objetificando Hannah e vão ficando cada vez piores até culminarem num estupro.



Hannah não sabia mais o que fazer para se livrar de todos aqueles boatos a seu respeito. Não tinha amigos, o garoto que ela gostava (Clay) não soube entender o que sentia por ela e nem mesmo o conselheiro da escola, ao ouvir tudo que ela relatou, tentou entendê-la ou ajudá-la, nem ao menos comunicou aos seus pais quando ela o procurou. O conselheiro chegou até a insinuar que ela era culpada pelo estupro e sugeriu que ela esquecesse o que aconteceu e seguisse em frente. Entendam de uma vez: A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA. Esse foi o ápice para que ela tirasse a própria vida.

Todo mundo sabe que a adolescência é uma fase difícil, que o ambiente escolar ás vezes pode ser hostil e que essa fase é muito propícia para ocorrer o chamado bullying, mas o que aconteceu com Hannah não foi simplesmente bullying, foi mais que isso. O que houve com Hannah foi cruel e criminoso e cada pessoa citada nas fitas contribuiu direta ou indiretamente para que ela pensasse que a morte seria a única solução. Não que o suicídio seja mesmo a melhor solução, mas todas as pessoas que ela achava que eram amigas viraram as costas e de certa forma a negligenciaram. Ela se viu perdida.

A série tem seus pontos positivos, como o de demostrar os impactos que as nossas ações e palavras podem causar na vida de outras pessoas e como não nos damos conta disso. Isso traz à tona diversas reflexões, tais como: repense suas ações, palavras podem machucar, pratique um pouco de empatia, seja gentil, ajude quem necessita, não seja egoísta e a principal delas ‘não seja um porque’. Essa reflexão é muito proveitosa. Outro ponto positivo é o de fazer com que as pessoas reflitam que apesar de alguns personagens na serie terem uma vida complicada, como a Courtney que não conseguia se assumir lésbica ou o Justin que tinha problemas com a mãe e os namorados dela, isso não dá o direito a ninguém de perseguir e denegrir outra pessoa da forma que eles fizeram.


O fato de Hannah ter feito o que fez apenas para se vingar e a romantização do suicídio, fazendo com que pareça que ele é a única solução para acabar com problemas, tem sido o principal argumento para os que são contra a serie. É importante ressaltar que uma pessoa que não tem depressão consegue apreender o recado positivo que a serie propõe, mas quem tá passando ou passou por alguma situação similar a de Hannah, ao assistir a serie pode relembrar dessas situações difíceis. Isso pode ser um gatilho, como muitos vêm afirmando? De certa forma sim, mas só porque a pessoa já estava doente emocionalmente e não pela obra de ficção em si. É muito raso afirmar que a série seria o motivo principal de um suicídio, caso acontecesse.

A serie é apelativa? Digamos que sim. Algumas cenas são bem chocantes, como a cena do estupro e a própria cena do suicídio. E fizeram isso pra chocar mesmo, para mostrar o quão horrível é uma pessoa sofrer ao ponto de tirar a própria vida. Mas isso também é bem perigoso para pessoas deprimidas. Eu mesma não consegui assistir à cena do suicídio até o fim. É forte demais. Impactante demais. Para mim não era necessária, pois todo mundo já sabia que Hannah tinha se matado e as cenas anteriores deram a entender como ela tinha feito. No livro ela morre por overdose de remédios, mas cortar os pulsos tem um impacto maior, não é mesmo?




Um fato equivocado é que Hannah em nenhum momento busca ajuda com a sua família. Pela relação que eles demonstram ter, aposto que se ela falasse com os pais eles teriam tomado alguma providência, afinal, família é para essas coisas. Acho que essa parte serve para alertar aos pais de que eles devem buscar entender mais seus filhos, buscar o diálogo e observar os comportamentos diferentes que eles apresentam. Se bem que em nenhum momento da série os pais de Hannah notaram o comportamento dela diferente. De certa forma eu entendo porque Hannah não buscou ajuda com os pais, não é todo mundo que está preparado para lidar com a depressão.

No último episódio da série outro personagem acabou atingido por um tiro na cabeça e tudo indica que ele mesmo atirou (pelo menos no livro é isso que acontece), mas a série dá a entender que outro personagem pode ser o responsável e muitas teorias já estão sendo formuladas a esse respeito. Isso pode ser a deixa para uma segunda temporada, já que não existe um segundo livro. Não acho que deveria ter outra temporada. Tudo poderia ser sido resolvido na primeira e única temporada mesmo. Poderia ter um episódio com a redenção dos personagens, a condenação de Bryce e Hannah poderia ter sobrevivido, ficaria menos ofensivo para as pessoas com depressão e para o público em geral. Mas será que geraria todo esse ‘hype’ sobre a serie?


Diante de tudo que foi dito, posso afirmar que a série é boa para quem busca entretenimento e só incentiva negativamente quem está doente emocionalmente e tem pré-disposição para o suicídio e isso não acontece porque as pessoas são burras ou idiotas, acontece porque as pessoas estão psiquiatricamente deprimidas

Se você assistiu à série e se identificou com Hannah, busque ajuda, pois o suicídio não é a única solução. Se você assistiu e percebeu que pode ser um porque na vida de alguém, procure melhorar seus atos, seja gentil e empático. Se você assistiu à série e identificou que algum familiar/amigo/conhecido pode está passando por algo similar, procure ajudá-lo, afinal depressão não é frescura.



P.S.1: Estou terminando de ler o livro e depois vou comentar as principais diferenças. Já posso afirmar que na série cada personagem é bem melhor explorado que no livro.

P.S.2:*Amei o Tony e estou sofrendo por ter perdido de vê-lo na Comic Con Experience.


Nada é constante



Ao acordar deparou-se com um céu totalmente nublado. A vontade que tinha era de ficar em casa, mas teve que ir. E lá se foi...
Durante o dia viu a chuva cair com certa tristeza no olhar. Desejou que aquela chuva (tristeza) chegasse ao fim. E o dia passou...
Ao voltar para casa percebeu que o céu estava totalmente diferente. Nenhum sinal de chuva ou nuvens escuras. E observou...
O céu estava lindo. Havia muitas nuvens brancas e um lindo pôr do sol pintando o céu com todas as suas cores. E refletiu...
Nada é uma constante, nem o dia e nem as pessoas.

E sorriu...



Moana – A princesa que não é princesa.




Moana é a mais recente animação produzida pela Disney e dirigida por Ron Clements e John Musker, os mesmo diretores de dois outros clássicos da Disney que eu amo: “A Pequena Sereia”“Aladdin”. No Brasil o filme estreou no dia 05 de janeiro e ganhou o subtítulo “Um mar de aventuras”.

O filme conta a história de Moana Waialiki, uma garota de 16 anos, filha do chefe de uma tribo da Polinésia, que possui um grande fascínio pelo mar. Ela sonha em explorar o oceano e se tornar uma grande navegadora, mas é impedida pelo seu pai que a prepara para ser sua sucessora e tenta convencê-la de que na ilha em que eles vivem tem tudo que ela e seu povo necessitam para sobreviver.

Contrariando o que seu pai pregava, sua tribo começa a passar por problemas com os alimentos - os peixes somem e os cocos começam a apodrecer. Como futura líder, Moana sugere que seu povo parta para além dos recifes em busca de alimento, porém mais uma vez é impedida pelo seu pai.



Se por um lado o pai de Moana a impede de explorar o mar, por outro lado sua avó Tala a incentiva a ouvir o chamado do oceano, que a escolheu desde muito pequena para realizar uma grande missão.

A vovó Tala é uma personagem fundamental na trama. É com a ajuda dela que Moana descobre que seus antepassados eram grandes navegadores e que seu próprio pai teria sido um grande desbravador do oceano. E é após a morte de Tala que Moana finalmente decide embarcar em uma jornada para salvar o seu povo. A relação entre as duas, mesmo após a morte de Tala, constitui um dos momentos mais emocionantes do filme.



Para salvar o seu povo Moana precisa devolver o coração de Te Fiti, uma deusa com o poder de criar vida, que havia sido roubado pelo semideus Maui. Ela tem que fazer isso com a ajuda do próprio Maui e, por este motivo, faz de tudo para convencê-lo a embarcar nessa aventura junto com ela. 

      No inicio Maui desconfia da coragem e determinação de Moana, pensa que ela é apenas mais uma princesinha indefesa. Mas com o passar do tempo ele percebe que a garota está mesmo determinada a salvar seu povo e passa a ajudá-la. A relação entre os dois é bastante cômica. Eles implicam bastante um com o outro, mas isso se deve ao fato de os dois possuírem personalidades fortes.  


Moana é uma princesa que foge dos estereótipos de princesa que estávamos acostumados. Pra começar, ela mesma não aceita o rótulo de princesa, não precisa de um ‘príncipe’ para lhe resgatar e não vive nenhuma história de amor. Moana é totalmente independente, forte, destemida, determinada e, porque não, empoderada. Uma ‘girl power’ que serve  de exemplo para muitas garotas, e garotos também.

Além das caraterísticas psicológicas, a personagem também traz características físicas que a distingue das outras princesas. Moana tem a pele morena, corpo torneado e cabelos cacheados. A representatividade que a personagem traz é notável.



Uma coisa que chama atenção no filme são os cenários que, de tão realistas, às vezes dão a impressão de que estamos assistindo a um live-action. O oceano está perfeito, tão real que constitui um personagem na trama. Outra coisa que também chama atenção são os cabelos das personagens que possui movimento e aparência de cabelos reais. Os cabelos de Moana parecem possuir vida própria.

Como todo filme da Disney, Moana é bastante emocionante, cheio de aventuras, cenas de superação e algumas cenas engraçadas. O humor do filme fica por conta do galinho Heihei, das tatuagens de Maui, que funcionam como uma espécie de consciência dele e da própria relação entre Moana e Maui. A trilha sonora do filme é um show a parte. Repleta de músicas lindas e emocionantes que engrandecem ainda mais o enredo.

Confesso que não estava muito entusiasmada para assistir a esse filme, mesmo sendo uma grande fã Disney. E isso foi muito bom, pois o filme superou todas as minhas expectativas. O filme é lindo, fofinho (créditos para a Moana Baby) emocionante, engraçado, representativo e Moana é a melhor princesa que não se considera princesa. Já quero ser ela.

Para terminar eu deixo essa imagem da Moana Baby. *----*


Soppy – Amor nos pequenos detalhes



 Lançado no Brasil em 2016, o livro foi escrito e ilustrado pela artista Phillippa Rice e traz tirinhas que apresentam os detalhes do dia a dia de um casal que decide morar junto. 
Para criar as ilustrações, Phillippa baseou-se em sua história com o namorado Luke Pearson, a quem dedica o livro.

O livro traz situações diversas do cotidiano de um casal, tais como fazer compras no supermercado, assistir televisão juntos, dormir de conchinha ou discuti por algum motivo bobo e depois fazer as pazes. São situações corriqueiras de um relacionamento real abordadas de forma sutil e engraçada, sem nenhum tipo de romantização.

Após algumas pesquisas eu descobri que a palavra “soppy” pode ser traduzida como sentimental ou piegas o que demonstra o tom divertido da autora para abordar o amor. Segundo a autora, o livro é uma espécie de diário ilustrado que relata seu próprio relacionamento e o de tantas outras pessoas. 






A cumplicidade, o respeito e a paixão, características bem marcantes no trabalho da autora, mostram que o amor está realmente nos pequenos detalhes. Amei o livro e me identifiquei muito com as situações abordadas. Tenho certeza que muitos irão se identificar também. =)